Muito se tem falado nos meios de comunicação sobre a profecia maia do fim do mundo em 21/12/2012. Vários teóricos da conspiração e do apocalipse falam que neste período a Terra irá ser destruída por catástrofes naturais, ou pela ira de Deus ou até mesmo por uma conspiração global arquitetada por uma seita ultra-secreta chamada Illuminati. Existem por tanto inúmeras teorias que falam desta data fatídica e o possível fim dos tempos. Basta dar uma googlada e perceber a vastidão de teorias que existem a cerca deste tema.
Então aqui eu lanço a minha teoria. Não uma teoria lunática sobre conspirações bizarras de ricos e poderosos ou uma conspiração divina ou até mesmo algum evento cataclismo natural. Não. Mas falo de destruição. Que destruição? A destruição do mundo como o conhecemos.
Ah, mas como assim a destruição do mundo como o conhecemos? Pessoas irão morrer neste processo? Alguma coisa vai cair sobre nós? Guerras vão ocorrer? O que faremos? Correremos para as colinas?
Não. Talvez algumas mortes ocorram neste processo como vem ocorrendo desde que o homem é homem e algumas guerras possam até ocorrer. Mas minha teoria tem mais haver com as mudanças que vem ocorrendo no mundo. Tais mudanças podem ser percebidas no nosso próprio dia-a-dia. No quadro brasileiro por exemplo, o povo no processo de eleição acabou escolhendo uma candidata mulher (algo totalmente inédito na história política brasileira), vinda das classes trabalhadoras, partidária de um partido (supostamente) da esquerda e uma rebelde do Regime Militar. Isso em períodos passados da nossa história política era algo inimaginável. Quem iria pensar em colocar a oposição no governo, uma ex rebelde que lutou contra as elites e ainda por cima mulher? Esta é uma mudança um tanto quanto interessante para pensarmos o quadro político brasileiro.
Na escala mais global, podemos pensar o Obama. Quem um dia iria imaginar que os EUA seria governado por um negro? Isso só ocorria em filmes apocalípticos de Hollywood. Os EUA sendo um país racista declarado como ele é, tem no cargo chefe um negro. Os racistas conservadores do Texas devem se corroer de raiva ao pensar que devem obrigações civis a um negro. E no Oriente Médio estamos vendo um momento histórico que será analisado futuramente nos livros didáticos em quase todas as escolas do mundo. O que ocorre lá é uma revolução, onde a população cansou de ser explorada por “sheiks” e famílias do petróleo e agora exigem a democracia. Ditaduras de 30, 40 anos ou até mesmo secular agora estão sofrendo a pressão dos populares que exigem a troca periódica de seus governantes. Isso provavelmente era algo impensável em qualquer passado histórico do próprio islamismo ou cultura árabe (desculpe a generalização).
No campo social vemos as minorias lutando pelo direito a igualdade e a aceitação da maioria. Negros, homossexuais, religiosos, indígenas, crianças, jovens, idosos, imigrantes e etc lutam diariamente para que as sociedades aceitem suas diferenças. É claro que alguns desses movimentos começaram um pouco mais atrás na história, mas só agora suas lutas constantes vem surtindo efeito no campo político e social de maneira considerável. Padrões, tabus, preconceitos, conceitos e outros ranços político-sociais vêm caindo constamente. Até mesmo o padrão de família modelo anda mudando deixando de ser apenas o casal branquinho, cristão, com dois ou três filinhos e heterossexuais. Hoje existem casais “interraciais”, casais homossexuais e casas comandadas ou pelo homem ou pela mulher ou casas comandadas por casais separados. Enfim, está ocorrendo uma mudança de paradigma e conceitos em escala global.
Mas nem tudo é um mar de rosas. Com tais mudanças, novas problemáticas e novos desafios irão aparecer para que os governos futuros tentem resolver para que tente agradar o máximo possível ambas as partes. É evidente que é impossível agradar a gregos e troianos, mas caminhamos talvez para uma maior aceitação do diferente. O problema disso tudo está na velocidade em que isso ocorre. Claro que devemos ver o negro como um ser humano que ele é, o homossexual, o imigrante e etc etc etc etc, afinal todos são seres humanos como nós.
O problema da velocidade é como que as coisas andam corridas ultimamente. O mundo anda cada vez mais rápido, conciso e priorizando apenas a informação necessária que parece que as coisas andam ficando quase que mecanizadas. A velocidade das informações e a exploração que a mídia faz de alguma temática faz com que as coisas acabem perdendo o seu valor ou a sua razão. Atualmente uma tragédia vira palco para uma exaustante e desumana exploração dos ocorridos, onde a individualidade dos afetados é praticamente anulada e usada como comercio. Ou seja, a dor está virando mercadoria nessa mudança toda. E isso não é bom, pois se perdermos a noção do que é uma perda pessoal (um parente ou um amigo) acabamos por banalizar o próprio sentido de perda, onde o ser acaba sendo apenas um objeto que você poderá destruir sem dor na consciência alguma. E o nazismo mostrou claramente que isso não é um caminho viável ou saudável para as relações sociais. As coisas andam mudando numa velocidade em que não podemos mais acompanhar.
Enfim, o que essa papagaiada toda tem haver com 2012?
Talvez os Maias estivessem certos com o fim do mundo. O mundo realmente anda se destruído a cada dia que passa. Não é um discurso conservador e está muito longe de ser. O mundo anda mudando. A destruição que estamos vendo está fazendo a humanidade caminhar para um futuro incerto e que muito possivelmente terá padrões de vida totalmente diferentes dos atuais. Os conceitos políticos irão mudar drasticamente, as relações sociais, os padrões de vida, os conceitos, preconceitos e desafios serão diferentes. Estamos numa mudança de século. Se o século XX foi a destruição total ou a resolução das intrigas do século XIX, o século XXI parece ser um período de reformulação e desapego com os padrões e resquícios do século XIX e XX.
Será que os Maias com seu misticismo todo conseguiram prever uma era de mudanças tão drásticas no mundo que algumas pessoas interpretam isso como um período apocalíptico? Ou as mudanças ocorreram naturalmente e tudo não passa de uma grande coincidência?
De todo modo é como os antigos dizem: quem viver verá!