domingo, 19 de dezembro de 2010

Dívida Histórica ou desconhecimento da História?


Antes de dar prosseguimento a qualquer outra coisa quero deixar bem claro algumas coisas aqui. Primeiro o intuito deste texto NÃO SERÁ ATACAR GRUPOS ETNICOS E NEM DESCRIMINÁ-LOS DE NENHUMA FORMA OU NATUREZA. Segundo, não trago fontes aqui porque este texto não é um trabalho acadêmico ou ago do gênero, quem as quiser que procure nos arquivos da época ou em historiadores do Brasil Colônia e Brasil Império. Terceiro NÃO SOU RACISTA, NÃO TENHO NADA CONTRA PESSOAS COM ALTA OU BAIXA PRODUÇÃO DE MELANINA OU DE QUALQUER PROSSEDENCIA ETNICA OU REGIONAL. Espero que isto fique bem claro aos leitores

Bom, hoje vou falar de um tema que é uma pedra no sapato do brasileiro, a questão da igualdade racial. Não irei levantar aqui bandeiras pró alguma coisa ou contra alguma coisa, alias, só tentarei trabalhar melhor algumas idéias que passam totalmente despercebidas tanto pela historiografia quanto pelos membros de nossa adorável sociedade. 

Durante a campanha eleitoral de 2010 a nossa presidenta eleita Dilma Rousseff para tentar equilibrar os votos entre evangélicos, católicos e grupos de direitos humanos falou que no Brasil não existe nenhuma forma de preconceito e que todos deveriam repensar suas idéias quanto aos ataques tucanos a sua pessoa. Claramente um embuste político para tentar arrebanhar mais votos. Era desnecessário, mas ela o fez. Mas essas falas dela me chamaram muito a atenção, pois ela diz que no Brasil não existe racismo, mas temos grupos e ONGs de movimentos negros ou pró alguma coisa “against racism” que dizem que somos um país racista. Existem até leis específicas para os negros! Então como explicar esse paradoxo curioso?
Primeiramente devemos colocar um pingo de um “i” importante: SIM SOMOS UM PAÍS RACISTA! Mas onde percebemos o racismo? O percebemos em nossas relações diárias no meio urbano. Toda vez que ligamos o JN e fala-se de favelas lá estão os negros empunhando armas ou em bailes funks, ou na fila do SUS prestes a morrer ou em alguma estatística desumana que os coloca como algum numero superior (não que signifique algo positivo) ao branco no que diz respeito a questões básicas como educação, saúde e segurança. Segundo a tia mulata, mas casada com um marido rico fala: “Eu não sou racista! Minha empregada é preta!” ou então: “Deus me livre da minha filha/o se enrolar com um preto/a. Quero um netinho bem branquinho e lindinho.” Sim, isso é mais comum do que se pensa. São alguns focos de racismo em nossa sociedade.
Então como acabar com este racismo? Ele realmente existe da forma que é construído?
Eu acho que não! Acho que o Brasil chegou num nível de “racismofobia” preocupante onde tudo pode ser considerado racismo. A simples brincadeira com o amigo de cor como chamá-lo de Oh Negão pode ser visto como racismo. Mas o inverso não acontece. O racismo é nos passado de que somente o branco comete racismo, o negro não, este só é o alvo do racismo. Mas será que é mesmo? Será que negros também não são racistas? 

Certa vez conversando com um sujeito que se diz africanista e que luta pelos direitos dos negros criou uma série de argumentações “históricas” que me deixou preocupado. O sujeito praticamente reescreveu outra história da escravidão brasileira, só que colocando os negros como sendo a única vitima irremediável da mesma. Tá que eles foram, mas da forma que ele coloca eu me senti mal por ser branco (eu tenho cabelo crespo, nariz de negro, boca de negro, olhos de índio e quadris de mucama, mas com baixa produção de melanina. Então o que sou? Preto branco ou branco preto?) ao ponto de falar para ele “Me desculpa por ter nascido branco.” E ele não foi o único. Já me deparei com figuras um tanto quanto bizarras que se dizia de movimentos pró negros que demonizavam o branco por causa da escravidão. E eu acho que não é bem assim.

Houve os abusos aos negros? Claro que houve, mas o que muitos acabam se esquecendo é que eram os próprios negros africanos que corriam atrás de outros negros e os vendiam para os holandeses e portugueses para serem escravos aqui no Brasil. Os negros apanhavam dos seus senhores? Sim apanhavam, mas o que muitos esquecem é que vários negros entraram na justiça contra seus senhores devido aos maus tratos e ganharam a ação contra o senhor. Os negros tinham um sonho de liberdade? Não, não tinham. Não em totalidade. Mas e os quilombos e a capoeira? Os quilombos são algo engraçado. Havia sim aqueles que desejavam a liberdade e fugiam para esses quilombos no meio mato fechado procurando a liberdade. Mas que liberdade? Chegando lá os negros teriam que viver de forma isolada da sociedade mantendo o mínimo contato possível com a vila mais próxima para comprar alguma coisa como sementes para plantio ou algo assim, mas se isolar do mundo é um conceito de liberdade estranho para mim. E lembrando que em Palmares havia escravos. SIM!!! Havia sim. Alguns historiadores brasileiros que estudam Palmares andam achando vestígios de que havia trabalho escravo de negros dentro do quilombo além dos palmarinos capturarem no laço negros cativos para irem para Palmares servir o rei local. E Zumbi foi rei em Palmares. Falando em Zumbi, não entendo essa tentativa de transformar o cara em herói negro. Foi ele que não soube administrar bem o quilombo a ponto de levá-lo em uma crise interna e externa facilitando a sua destruição pelas mãos Domingos Jorge Velho. Fora os quilombos, os negros sonhavam com a liberdade? Se considerar virar mendigo e morrer de fome nas ruas mendigando um pedaço de pão como sendo liberdade, sim então havia um sonho de liberdade. O que eu acho difícil, pois era esse o destino de 99% dos escravos alforriados.

Ai alguém me vem e fala: Ah, mas eles sonhavam com a liberdade, pois ser livre era melhor do que apanhar dos seus senhores e trabalhar até a morte! 

Primeiro: Muitos evitavam essa tal liberdade porque sabia que não duraria muito tempo lá fora sem emprego, sem dinheiro, sem comida e sem um local para dormir. Ninguém naquela época iria contratar um negro sendo que poderia ter um negro para trabalhar para ele de graça. Então o que restava era a sarjeta e a criminalidade para poder sobreviver. E isto é fato!

Segundo: Vamos delimitar a forma de trabalho aqui, certo!? Qual trabalho a que se refere? Ao dos campos, das minas, das casas, das cidades, do gado? Qual deles? Cada um deles tinha uma carga de trabalho diferenciado e uma forma de tratamento diferenciada. E não eram todos os senhores que eram cruéis com seus escravos. Devido a relatos jurídicos de um ou outro senhor sádico e cruel que mutilavam seus escravos todos os outros acabaram levando a fama de sádicos e cruéis. A termos atuais seria o mesmo que daqui 200 anos falar que todo flamenguista e corintiano é bandido porque prenderam uma ou outra quadrilha que havia corintianos e flamenguistas. Ou seja, dois ou três faz a fama do resto. E isso é preocupante senhores! Temos que rever melhor essa nossa historia a muito tempo contada.

Agora vamos falar de nós, descendentes dessa bagunça toda. Nós temos mesmo uma divida histórica com os negros? 

Dependendo de quem for o “nós”... Eu e minha família não temos nada haver com a escravidão. Duvido muito que algum antepassado meu tivesse dinheiro para comprar escravos. Pelos meus traços, percebo que eu sou um tataraneto de senzala, ou seja, sou descendente de escravos, não de escravistas. Mas eu nasci branco! E isto pesa bastante quando o assunto é cotas e racismo. Sim, pesa e muito. O simples fato da mutação no meu DNA referente à seqüência genética produzir uma quantidade baixa de melanina para minha pele me torna um racista em potencial e um pagador desta tal divida histórica. Trocando em miúdos, em um concurso público onde esteja eu e um negro com cota ele passa e eu não, mesmo eu tendo tirado uma nota maior que a dele. Por quê? Porque sou branco. Sim, só por causa disso. O sistema de cotas raciais que surgiu com o intuito de diminuir o racismo reverteu o racismo. Escolhem-se as pessoas pela taxa de produção de melanina, não pela capacidade intelectual ou aptidão ao cargo proposto. E nem precisa dizer que inverter a polaridade não resolve o problema né?

Mas ai sempre vem àqueles que sabem mais que os outros e falam: “Ah, mas o negro não tem possibilidade de futuro na vida, ficam nas favelas, na criminalidade, não tem estudo de qualidade blablablablabla” 

Argumentos racistas estes não? Quer dizer que só porque é negro significa que está fadado a ser um fracassado na vida, a morar nas favelas, fumar crack o dia todo e trocar tiro com policia porque o Estado não investe em educação? Tá! Senta lá Claudia e fica quietinha. Acho que os negros de Salvador devem ter um ponto de vista diferente sobre essas argumentações. Ou vão me dizer que altos cargos executivos em Salvador são apenas de brancos? Sei! E o tal destino na criminalidade? A ser favelado? Será que são mesmo? Primeiro que quem vira bandido é porque quer. Tem muito loirinho de olhos azuis morador de condomínio fechado chefe de esquemas de drogas igual tem nos morros cariocas. Os favelados traficantes que ficam portando armas e usando drogas em cima dos morros correspondem a 0,00000001% da população total do morro, ou seja, 300 traficantes põem moral em 400 mil pessoas a ponto de criar um ranço social de que todo morador de favela é bandido. E não é bem assim. E a educação? Bom, a educação brasileira é ruim tanto para pobres quanto para ricos. Existe uma ou outra escola particular Brasil a fora que tenha um ensino de ponta, mas a maioria possui as mesmas debilidades de conteúdo onde falhas graves pipocam a cada virada de página. Então, de forma geral aluno de escola pública e escolas privadas estão no mesmo nível de conhecimento da matéria, a diferença está em quem estudou mais e está mais bem preparado psicologicamente para enfrentar um vestibular.

E como resolver este problema? Simples, acabe com as cotas racistas... ops... raciais e crie as cotas sociais onde coloca o pobre (como eu) ao patamar do playboy que teve escola cara sua vida inteira. A miséria não escolhe cor de pele. Suba um morro ou vá à periferia da sua cidade e veja o tanto de loirinhos de olhos azuis que moram lá em situação de calamidade total. Mas isso o JN não mostra e nem comenta.

Nem irei tocar no assunto do tal 100% negro ou 100% branco e perguntar quem está sendo mais racista. Se bem que é burrice falar que no Brasil existe 100% negro ou 100% branco. Talvez em algumas cidades do sul tenha sim uma predominância branca, mas levada a nível genético lá estão os genes negros descendentes dos negros africanos de 100 mil anos atrás. Somos todos mestiços, não existe superioridade de ninguém sobre ninguém. O que os adoráveis White Power se esquecem de analisar é a História social dos negros que os levaram a miséria. Mas como são cabeças ocas, adoram se agarrar a estudos do século XIX que obviamente mostram a superioridade branca, pois eram estudos feitos por brancos para brancos. Mas é cada um com seus problemas. O que proponho aqui é você repensar a forma como nossa própria história é repassada para você. Será que o que dizem é mesmo verdade? Primeiramente aconselho a você a desligar a TV Globo que adora ter uma domestica negra e mostrar negro favelado traficante. Falando em trafico, essa imagem ficou tão forte lá fora que existem quatro filmes gringos atuais que mostram nossas adoráveis favelas e um jogo de PC (Call of Duty Modern Warfare 2) que retrata a favela Pavão Pavãozinho com milícias africanas... ops... não seriam traficantes?! 

Mas é isso, vamos rever a história de nossos antepassados. Não aceite o que a Globo mostra, o que ONGs racistas mostram, o que o governo tenta concertar, mas já fazendo cagada. Enfim, desconfie de tudo, pois nem sempre o todo é o que parece ser. Não vamos pagar essa tal divida feita pela elite colonial ou imperial que corresponde a menos de 10% da população da época. Vamos debater estes assuntos com seriedade e neutralidade, pois nossos filhos amanhã sofrerão as conseqüências de nossas atuais decisões.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pessoas


Atualmente me deparo com pensamentos um pouco niilistas. Não tenho um estudo aprofundado para descrever aqui o que seria niilismo segundo Nietzsche ou segundo quem acha que entende Nietzsche. Não tenho esse objeto aqui. Sou meio niilista por desacreditar em tudo em que o ser humano faz. Declaro-me como sendo ateu por não conseguir compreender o que leva pessoas a se ajoelharem em nome do nada, a dar suas vidas em nome do nada, a dar todos os seus “bens” materiais em nome do nada. Afinal, se Jesus existe, porque Zeus não existiria? Ambos partem da mesma premissa da existência: a metafísica. E ateus do meu mundo Azul Anil se mordam de raiva: NÃO TEM COMO PROVAR A INEXISTENCIA DE DEUS/es E NEM QUE ELES EXISTAM! Então parem com as propagandas medíocres de tentar CONVERTER outras pessoas para o que vocês acreditam ser o certo. Se é que existe certo nessa vida. Também me declaro apolítico. Não acredito em nenhuma forma de governo ou organização Estatal. Acredito que o ESTADO é um conceito por demais avançado para nós. Apenas traçamos duas ou três linhas num mapa e já nos achamos senhores do mundo. Mas quem nos deu o direito sobre aquelas terras? Quem somos nós para falar para outra pessoa até onde ela pode ir ou não neste vasto mundo azul? Parecemos chimpanzés marcando território com urinas, fezes, gravetos e algumas brigas com outros grupos de chimpanzés.

Mas assim são as pessoas. As pessoas sempre acham um pretexto para se taxarem superiores as outras. Quem fala que não se acha superior a alguém ou a algum grupo de pessoas está sendo hipócrita ao extremo. Somos todos assim. Seja nos quesitos religiosos, costumes culturais, um ideal de pátria, um nacionalismo, quantidade de melanina, cor dos olhos, tipo de musica, qual opção sexual, tipos de roupas, bebidas, trabalhos... enfim.... nós nos odiamos mutuamente e desejamos matar todos que não se enquadrem ao nosso mundinho. Talvez não conscientemente, mas no nosso subconsciente lá está o nosso desejo de matar, massacrar, ver sangue escorrendo e enquadrar a todos no nosso mundo.

São raras as pessoas que olham para outra pessoa e vê nela um ser humano. Isso se torna mais raro quando o assunto passa para aparência e dinheiro. Desafio qualquer um que ler esse texto a chegar num mendigo e trocar uma idéia com ele sem olhá-lo com cara de dó quando ele contar a vida sofrida dele ou sem ter um leve pensamento que seja do tipo “vo anda rápido antes que ele me roube”. Se for negro então é bem capaz de você nem chegar perto. Mas não se sinta mal por causa disso. Todos nós, 7 bilhões de pessoas incluindo aquele mendigo imundo sente um desejo incondicional de eliminar os diferentes. Até os diferentes querem eliminar os diferentes deles. Estranho né?

As pessoas sentem mais prazer em fazer outras pessoas sofrerem do que ajudá-las. Pessoas sentem mais a vontade em ofender outras pessoas do que simplesmente respeitá-las. Pessoas sentem-se mais a vontade e descriminar outras pessoas por causa de detalhes tão fúteis e inúteis do que buscar entender aquela pessoa e o que a levou a ter aquele detalhe a mais. Pessoas ficam felizes e até comemoram quando descobrem que outras pessoas de crédulo diferente, de ideologia diferente, de formas de pensar um mundo diferente deixaram de existir fisicamente. Pessoas comemoram mortes de outras pessoas como se tivesse comemorando um gol. Pessoas não querem entender outras pessoas. Pessoas querem destruir pessoas.

Você pode rezar, pode ler quantos livros, sites, autores, ser um doutor da fé ou da ciência, mas nunca entenderá o que se passa na cabeça de outras pessoas. O entendimento é complexo demais para as pessoas. A inteligência é algo ainda distante da raça humana, afinal, qual outro animal que você conhece no Universo que destrói seu próprio habitat em troco de pedras brilhantes e papel? Não existe. Vai ver que é por isso que os E.Ts ainda não entraram em contato conosco, apenas com as vacas. Elas pelo menos não destroem onde vivem ou se destroem. Talvez o animal mais inteligente e racional deste pálido ponto azul (como diria Carl Sagan) sejam as vacas. 

Vacas não cometem suicídio por causa do que outras vacas falaram. Vacas não se matam porque uma é preta e outra é branca. Vacas não se matam porque uma tem chifre maior e outra uma orelha menor. Vacas não matam outras vacas por causa de um deus x ou y. Vacas não se matam por causa de um brinco ou tatuagem. Vacas talvez possam matar outras vacas devido ao espaço reservado para comida ou para proteger sua cria, mas elas não gastam suas inteligências construindo armas que matam outras vacas num raio de 60 km. Os hindus que estão certos, as vacas são animais sagrados.

E eu pessoa? O que tenho feito para ajudar outras pessoas? Será que é preciso ser preto ou branco para ajudar alguém? Será que é mesmo preciso se prostra em nome de um Nada para saber o que é certo ou errado na vida? Será que como pessoa, preciso mesmo eleger uma pessoa desconhecida para ela dizer para mim o que posso e não posso fazer? 

Não se engane com sorrisos, com promessas, com rostinhos bonitos, com a espiritualidade das pessoas. Isso tudo são mascaras. No final das contas, essas pessoas querem te destruir por você ser diferente delas e você quer me destruir por ser uma pessoa diferente de você! Algumas pessoas vão dizer: Nossa como você é pessimista!

Mas pessoas são assim mesmo... quem sabe daqui alguns milhares de anos a evolução dê as pessoas a capacidade de raciocinar.

P.S: Não se engane com os sorrisos nos rostos das pessoas da foto acima. Elas cometeram vários atos sórdidos durante suas carreiras até chegar nessa foto feliz.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Arte Gótica


A arte gótica é um estilo arquitetônico e artístico que floresceu na Europa entre os séculos IX e XIV com resquícios até o século XVII (chamado de gótico tardio). A origem do termo gótico surgiu com os renascentistas do século XIV e XVI. Eles utilizaram este termo para tentar denegrir esta arte sacra das catedrais medievais resgatando a idéia de uma arte bárbara, obscura buscando seus termos nos antigos bárbaros conhecidos como godos.

 
                                       (Catedral em estilo românico datada do século VIII)

Este estilo das catedrais européias é descendente da arte românica que havia prosperado nas igrejas e catedrais medievais desde o século IV ao X. 

(Vitral da Catedral de Reims, França. A luminosidade que entrava pelos vitrais fazia com que os mesmos demonstrassem as imagens ali representadas além de iluminar o interior das igrejas. Como não havia muitas paredes aptas para a pintura nas catedrais, a arte sacra passou para os vitrais.)

O gótico pode ser considerado a forma de arte que quebra de vez com a idéia de Idade das Trevas medieval, pois para construir uma única catedral era preciso contratar uma série de engenheiros, arquitetos, escultores, pintores, especialistas em vitrais, corte de pedras entre outros. O aparato técnico utilizado para a construção de uma única catedral era tão complexo que um simples vitral do século XII não pode ser reconstruído com a tecnologia atual. Os seus saberes se perderam ao longo do tempo e os estudiosos atuais não conseguem reconstruir tal conhecimento com exatidão.

                                                     (Catedral de Notre Dame, França)

As grandiosas catedrais góticas tinham por trás de suas construções toda uma simbologia política dos senhores feudais da época. Como aponta alguns estudiosos do estilo, cada senhor feudal competia entre si para saber quem construía a catedral mais bela, mais alta e mais exuberante. 

(Planta baixa de uma catedral gótica)

                                         (Esculturas no portão de entrada de uma igreja gótica)

                                                     (esculturas em estilo gotico)



(As pinturas góticas auxiliadas pelos vitrais tinham um caráter pedagógico na Era feudal. Como a população era analfabeta (incluía-se a nobreza) e incapaz de ler a bíblia escrita em latim, as pinturas, esculturas e toda a ornamentação das igrejas apresentavam passagens bíblicas para ilustrar o que o sacerdote falava durante as missas (rezada de costas e em latim). Essas pinturas também poderiam ser vistas em iluminuras e na própria escrita dos livros medievais)

Além deste fator político que buscava demonstrar poder e riqueza, havia toda uma simbologia católica nas igrejas. A começar pela própria planta baixa das igrejas que formavam uma cruz. Depois toda a arte decorativa das igrejas como esculturas, vitrais, colunas, portais de entrada e até mesmo a forma interna das igrejas tentavam buscar um ideal de santidade. Os tetos das igrejas não eram sustentados por colunas internas, mas sim por escoras externas que sustentavam o teto causando nos fieis que adentravam a igreja uma idéia de milagre, pois pensavam que somente Deus era capaz de segurar o teto daquela maneira.

(vista interna de uma catedral gótica)

                             (Suportes externos das catedrais que seguravam o teto das igrejas)

As catedrais demoravam em media de 50 à 150 anos para ficarem prontas, com relatos de um mosteiro francês fortificado ter levado 500 anos para ter sido concluído. A arte gótica não se aplicava unicamente a igrejas, mas sim a toda uma série de conhecimentos arquitetônicos e da engenharia. Cidadelas eram muradas utilizando todo o conhecimento de construção de uma igreja. Castelos, fortes e cidades eram também construídos utilizando esta forma de saber.

A arte gótica não era homogênea na Europa. A cada região européia a arte se modificava de alguma forma, pois, mesclava os conhecimentos de engenharia locais e a mentalidade local. Por tanto, uma catedral francesa se difere, por exemplo, de uma catedral do leste europeu que por sua vez se difere de uma catedral nórdica, que se difere de uma catedral britânica....

                                                      (Catedral de Amiens, França)

                                                                   (Catedral alemã)

                                                                 (Catedral portuguesa)

Esta forma de arte influenciou amplamente os renascentistas europeus, pois boa parte do desenvolvimento medieval acabou dando base para o desenvolvimento dos humanistas, pintores, escultores e principalmente arquitetos, devido a varias igrejas, capelas e palácios conservarem em sua arquitetura resquícios da arte gótica. Esta arte floresceu unicamente na Europa se iniciando e terminando por lá. Catedrais espalhadas pelo mundo que por sua vez apresente alguma das características da arte gótica são classificadas como neo gótico, mas é apenas uma questão de nomenclatura devido ao fato da própria arte ter surgido num contexto histórico bem determinado.