Antes de dar prosseguimento a qualquer outra coisa quero deixar bem claro algumas coisas aqui. Primeiro o intuito deste texto NÃO SERÁ ATACAR GRUPOS ETNICOS E NEM DESCRIMINÁ-LOS DE NENHUMA FORMA OU NATUREZA. Segundo, não trago fontes aqui porque este texto não é um trabalho acadêmico ou ago do gênero, quem as quiser que procure nos arquivos da época ou em historiadores do Brasil Colônia e Brasil Império. Terceiro NÃO SOU RACISTA, NÃO TENHO NADA CONTRA PESSOAS COM ALTA OU BAIXA PRODUÇÃO DE MELANINA OU DE QUALQUER PROSSEDENCIA ETNICA OU REGIONAL. Espero que isto fique bem claro aos leitores
Bom, hoje vou falar de um tema que é uma pedra no sapato do brasileiro, a questão da igualdade racial. Não irei levantar aqui bandeiras pró alguma coisa ou contra alguma coisa, alias, só tentarei trabalhar melhor algumas idéias que passam totalmente despercebidas tanto pela historiografia quanto pelos membros de nossa adorável sociedade.
Durante a campanha eleitoral de 2010 a nossa presidenta eleita Dilma Rousseff para tentar equilibrar os votos entre evangélicos, católicos e grupos de direitos humanos falou que no Brasil não existe nenhuma forma de preconceito e que todos deveriam repensar suas idéias quanto aos ataques tucanos a sua pessoa. Claramente um embuste político para tentar arrebanhar mais votos. Era desnecessário, mas ela o fez. Mas essas falas dela me chamaram muito a atenção, pois ela diz que no Brasil não existe racismo, mas temos grupos e ONGs de movimentos negros ou pró alguma coisa “against racism” que dizem que somos um país racista. Existem até leis específicas para os negros! Então como explicar esse paradoxo curioso?
Primeiramente devemos colocar um pingo de um “i” importante: SIM SOMOS UM PAÍS RACISTA! Mas onde percebemos o racismo? O percebemos em nossas relações diárias no meio urbano. Toda vez que ligamos o JN e fala-se de favelas lá estão os negros empunhando armas ou em bailes funks, ou na fila do SUS prestes a morrer ou em alguma estatística desumana que os coloca como algum numero superior (não que signifique algo positivo) ao branco no que diz respeito a questões básicas como educação, saúde e segurança. Segundo a tia mulata, mas casada com um marido rico fala: “Eu não sou racista! Minha empregada é preta!” ou então: “Deus me livre da minha filha/o se enrolar com um preto/a. Quero um netinho bem branquinho e lindinho.” Sim, isso é mais comum do que se pensa. São alguns focos de racismo em nossa sociedade.
Então como acabar com este racismo? Ele realmente existe da forma que é construído?
Eu acho que não! Acho que o Brasil chegou num nível de “racismofobia” preocupante onde tudo pode ser considerado racismo. A simples brincadeira com o amigo de cor como chamá-lo de Oh Negão pode ser visto como racismo. Mas o inverso não acontece. O racismo é nos passado de que somente o branco comete racismo, o negro não, este só é o alvo do racismo. Mas será que é mesmo? Será que negros também não são racistas?
Certa vez conversando com um sujeito que se diz africanista e que luta pelos direitos dos negros criou uma série de argumentações “históricas” que me deixou preocupado. O sujeito praticamente reescreveu outra história da escravidão brasileira, só que colocando os negros como sendo a única vitima irremediável da mesma. Tá que eles foram, mas da forma que ele coloca eu me senti mal por ser branco (eu tenho cabelo crespo, nariz de negro, boca de negro, olhos de índio e quadris de mucama, mas com baixa produção de melanina. Então o que sou? Preto branco ou branco preto?) ao ponto de falar para ele “Me desculpa por ter nascido branco.” E ele não foi o único. Já me deparei com figuras um tanto quanto bizarras que se dizia de movimentos pró negros que demonizavam o branco por causa da escravidão. E eu acho que não é bem assim.
Houve os abusos aos negros? Claro que houve, mas o que muitos acabam se esquecendo é que eram os próprios negros africanos que corriam atrás de outros negros e os vendiam para os holandeses e portugueses para serem escravos aqui no Brasil. Os negros apanhavam dos seus senhores? Sim apanhavam, mas o que muitos esquecem é que vários negros entraram na justiça contra seus senhores devido aos maus tratos e ganharam a ação contra o senhor. Os negros tinham um sonho de liberdade? Não, não tinham. Não em totalidade. Mas e os quilombos e a capoeira? Os quilombos são algo engraçado. Havia sim aqueles que desejavam a liberdade e fugiam para esses quilombos no meio mato fechado procurando a liberdade. Mas que liberdade? Chegando lá os negros teriam que viver de forma isolada da sociedade mantendo o mínimo contato possível com a vila mais próxima para comprar alguma coisa como sementes para plantio ou algo assim, mas se isolar do mundo é um conceito de liberdade estranho para mim. E lembrando que em Palmares havia escravos. SIM!!! Havia sim. Alguns historiadores brasileiros que estudam Palmares andam achando vestígios de que havia trabalho escravo de negros dentro do quilombo além dos palmarinos capturarem no laço negros cativos para irem para Palmares servir o rei local. E Zumbi foi rei em Palmares. Falando em Zumbi, não entendo essa tentativa de transformar o cara em herói negro. Foi ele que não soube administrar bem o quilombo a ponto de levá-lo em uma crise interna e externa facilitando a sua destruição pelas mãos Domingos Jorge Velho. Fora os quilombos, os negros sonhavam com a liberdade? Se considerar virar mendigo e morrer de fome nas ruas mendigando um pedaço de pão como sendo liberdade, sim então havia um sonho de liberdade. O que eu acho difícil, pois era esse o destino de 99% dos escravos alforriados.
Ai alguém me vem e fala: Ah, mas eles sonhavam com a liberdade, pois ser livre era melhor do que apanhar dos seus senhores e trabalhar até a morte!
Primeiro: Muitos evitavam essa tal liberdade porque sabia que não duraria muito tempo lá fora sem emprego, sem dinheiro, sem comida e sem um local para dormir. Ninguém naquela época iria contratar um negro sendo que poderia ter um negro para trabalhar para ele de graça. Então o que restava era a sarjeta e a criminalidade para poder sobreviver. E isto é fato!
Segundo: Vamos delimitar a forma de trabalho aqui, certo!? Qual trabalho a que se refere? Ao dos campos, das minas, das casas, das cidades, do gado? Qual deles? Cada um deles tinha uma carga de trabalho diferenciado e uma forma de tratamento diferenciada. E não eram todos os senhores que eram cruéis com seus escravos. Devido a relatos jurídicos de um ou outro senhor sádico e cruel que mutilavam seus escravos todos os outros acabaram levando a fama de sádicos e cruéis. A termos atuais seria o mesmo que daqui 200 anos falar que todo flamenguista e corintiano é bandido porque prenderam uma ou outra quadrilha que havia corintianos e flamenguistas. Ou seja, dois ou três faz a fama do resto. E isso é preocupante senhores! Temos que rever melhor essa nossa historia a muito tempo contada.
Agora vamos falar de nós, descendentes dessa bagunça toda. Nós temos mesmo uma divida histórica com os negros?
Dependendo de quem for o “nós”... Eu e minha família não temos nada haver com a escravidão. Duvido muito que algum antepassado meu tivesse dinheiro para comprar escravos. Pelos meus traços, percebo que eu sou um tataraneto de senzala, ou seja, sou descendente de escravos, não de escravistas. Mas eu nasci branco! E isto pesa bastante quando o assunto é cotas e racismo. Sim, pesa e muito. O simples fato da mutação no meu DNA referente à seqüência genética produzir uma quantidade baixa de melanina para minha pele me torna um racista em potencial e um pagador desta tal divida histórica. Trocando em miúdos, em um concurso público onde esteja eu e um negro com cota ele passa e eu não, mesmo eu tendo tirado uma nota maior que a dele. Por quê? Porque sou branco. Sim, só por causa disso. O sistema de cotas raciais que surgiu com o intuito de diminuir o racismo reverteu o racismo. Escolhem-se as pessoas pela taxa de produção de melanina, não pela capacidade intelectual ou aptidão ao cargo proposto. E nem precisa dizer que inverter a polaridade não resolve o problema né?
Mas ai sempre vem àqueles que sabem mais que os outros e falam: “Ah, mas o negro não tem possibilidade de futuro na vida, ficam nas favelas, na criminalidade, não tem estudo de qualidade blablablablabla”
Argumentos racistas estes não? Quer dizer que só porque é negro significa que está fadado a ser um fracassado na vida, a morar nas favelas, fumar crack o dia todo e trocar tiro com policia porque o Estado não investe em educação? Tá! Senta lá Claudia e fica quietinha. Acho que os negros de Salvador devem ter um ponto de vista diferente sobre essas argumentações. Ou vão me dizer que altos cargos executivos em Salvador são apenas de brancos? Sei! E o tal destino na criminalidade? A ser favelado? Será que são mesmo? Primeiro que quem vira bandido é porque quer. Tem muito loirinho de olhos azuis morador de condomínio fechado chefe de esquemas de drogas igual tem nos morros cariocas. Os favelados traficantes que ficam portando armas e usando drogas em cima dos morros correspondem a 0,00000001% da população total do morro, ou seja, 300 traficantes põem moral em 400 mil pessoas a ponto de criar um ranço social de que todo morador de favela é bandido. E não é bem assim. E a educação? Bom, a educação brasileira é ruim tanto para pobres quanto para ricos. Existe uma ou outra escola particular Brasil a fora que tenha um ensino de ponta, mas a maioria possui as mesmas debilidades de conteúdo onde falhas graves pipocam a cada virada de página. Então, de forma geral aluno de escola pública e escolas privadas estão no mesmo nível de conhecimento da matéria, a diferença está em quem estudou mais e está mais bem preparado psicologicamente para enfrentar um vestibular.
E como resolver este problema? Simples, acabe com as cotas racistas... ops... raciais e crie as cotas sociais onde coloca o pobre (como eu) ao patamar do playboy que teve escola cara sua vida inteira. A miséria não escolhe cor de pele. Suba um morro ou vá à periferia da sua cidade e veja o tanto de loirinhos de olhos azuis que moram lá em situação de calamidade total. Mas isso o JN não mostra e nem comenta.
Nem irei tocar no assunto do tal 100% negro ou 100% branco e perguntar quem está sendo mais racista. Se bem que é burrice falar que no Brasil existe 100% negro ou 100% branco. Talvez em algumas cidades do sul tenha sim uma predominância branca, mas levada a nível genético lá estão os genes negros descendentes dos negros africanos de 100 mil anos atrás. Somos todos mestiços, não existe superioridade de ninguém sobre ninguém. O que os adoráveis White Power se esquecem de analisar é a História social dos negros que os levaram a miséria. Mas como são cabeças ocas, adoram se agarrar a estudos do século XIX que obviamente mostram a superioridade branca, pois eram estudos feitos por brancos para brancos. Mas é cada um com seus problemas. O que proponho aqui é você repensar a forma como nossa própria história é repassada para você. Será que o que dizem é mesmo verdade? Primeiramente aconselho a você a desligar a TV Globo que adora ter uma domestica negra e mostrar negro favelado traficante. Falando em trafico, essa imagem ficou tão forte lá fora que existem quatro filmes gringos atuais que mostram nossas adoráveis favelas e um jogo de PC (Call of Duty Modern Warfare 2) que retrata a favela Pavão Pavãozinho com milícias africanas... ops... não seriam traficantes?!
Mas é isso, vamos rever a história de nossos antepassados. Não aceite o que a Globo mostra, o que ONGs racistas mostram, o que o governo tenta concertar, mas já fazendo cagada. Enfim, desconfie de tudo, pois nem sempre o todo é o que parece ser. Não vamos pagar essa tal divida feita pela elite colonial ou imperial que corresponde a menos de 10% da população da época. Vamos debater estes assuntos com seriedade e neutralidade, pois nossos filhos amanhã sofrerão as conseqüências de nossas atuais decisões.